"você se vende como uma mercadoria no universo contemporâneo que valora o eu"
Pensando sobre isso tudo...
a frase citada lá no começo me pegou de jeito ... "você se vende como uma mercadoria no universo contemporâneo que valora o EU", e a parte do "você se oferece como presa pro sacrifício" também.
Eu já postei muito, não nessas situações, ou talvez já... Também postei pouco, já deletei redes sociais, fiquei off, deixei de existir, perdi o assunto das rodinhas da turma, fiquei por fora das novidades, mas a vida mesmo é o que acontece além do que mostramos naquela fração de segundo ou minuto ... ou horas (porque hoje é tudo editado, não é mais clicar e jogar na rede, tem todo um trabalho de imagem). A vida e você, é o que acontece além da pose e do meme compartilhado. Você é como ri, como olha, como toca, como fala, como responde ao outro, como interage com o outro, é o cheiro, a sensação, os detalhes... é a intimidade da conversa, das questões do dia a dia, das questões mais profundas e das mais bestas também, é não ter vergonha de ser quem é para o outro.. e deixar o outro te ver apenas por uma foto bem tirada, ou um momento compartilhado, não é intimidade.
Não nego, a internet e as redes sociais são ótimas para socializarmos, trocarmos experiência, conhecermos pessoas e trabalhos bacanas, e é uma mão na roda. Tudo está aqui... é só digitar e apertar enter, que voilá, achou!
Vi esse texto da Maria Homem ontem na rede de uma amiga, e fiquei pensando sobre o que eu compartilho com os outros, o que eu permito e quero que o outro veja, até onde eu vou para que tenha a atenção do outro voltada para mim.
Não digo que deixar que o outro nos veja seja algo ruim, mas reflito sobre as seguintes questões:
você precisa mesmo estar 24 horas online pra se fazer presente e ter a sensação de pertencimento?
você quer que o outro te enxergue só para alimentar o seu Eu?
quando você deixa o outro entrar na sua intimidade, será que está preparado para mostrar mesmo as suas particularidades?
Penso sobre isso agora, até deletei umas coisas que havia postado, arquivei outras... é raro, mas acontece muito isso d'eu repensar a minha exposição e consumo. Mas, amanhã, posso compartilhar novamente e permitir que o outro veja o que eu quero que ele veja. E é assim que seguimos a vida moderna tecnológica. Postar para existir e ser a presa de uma caça que você nem faz ideia de qual seja.
A sua intimidade não é algo para se ofertar. A intimidade não é uma banalidade.
Paula R. Alvarez
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